Assim como existe o "orgulho denominacional" uma nova onda esta tomando conta dos atuais crentes, o "orgulho adenominacional".
Ledo engano achar que para ser hipócrita basta ser um "religioso fariseu fundamentalista legalista" que reduz a graça de Deus e a causa da salvação do homem a uma mera e fria obediência mecânica à um infindável Código de Leis, ledo engano.
O oposto pode ser tão hipócrita quanto estes.
Eu particularmente me preocupo com este "movimento adenominacional” - a bola da vez dentro da cristandade que procura demonizar todo e qualquer grupo cristão que se organiza sob a forma de uma instituição devidamente regulamentada dentro dos ambitos da Lei - pois duvido e muito que não existem lugares dentro de denominações cristãs sérias para servirmos a Deus junto com crentes sinceros e comprometidos com o evangelho.
No caso da Carol Celico que se afastou da sua denominação não tenho o que falar. A “$$ Igreja Rena$cer em Cri$to $$” dispensa comentários. É uma denominação corrompida dos “pés a cabeça”, vivem à anos luz do cristianismo bíblico, portanto um afastamento plausível.
Agora a respeito deste movimento que visa demonizar toda e qualquer “organização”, apesar de não possuir um CNPJ e registro em cartório, em um certo sentido não deixa de ser um movimento organizado, posto que os adeptos do aludido movimento andam tomando partidos unânimes e contrários contra aqueles que não "seguem seus passos", isto é, eles saem das denominações, se autoproclamam como “independentes” e passam a atacar qualquer grupo cristão que se organiza na forma de uma denominação fazendo disso a "causa mor" de seu objetivo dentro do cristianismo.
Erram o alvo, posto que o problema central não está no fato do grupo se nomeiar como "igreja tal" e ter locais seguros e adequados para se reunirem regularmente. Se isto for realmente o problema das denominações a solução então seria tirar da faixada de seus templos o nome específico que os identificam e passar a andarem dispersos se reunindo de maneira informal, clandestina ou até mesmo deixar de se reunirem?
Basta fazer isso e esta tudo resolvido? Muito simplista não? Ainda mais em uma nação em que temos plena e total liberdade para servirmos a Deus e nos reunirmos de forma regular com outras pessoas que professem a mesma fé em Cristo que professamos.
Já ouvi renomados defensores deste movimento afirmarem que todos aqueles que pertencem à qualquer grupo denominacional esta em pecado diante de Deus por isso.
Eles vendem livros, dão palestras, sustentam sites na web onde são comercializados diversos produtos, “evangelizam” os “crentes denominacionais”, tentam persuadi-los à abandonarem seu grupo cristão onde são contados como membros dentre outras atividades correlatas.
Ora, quem assim procede acaba edificando aquilo que ele mesmo tenta destruir. Ele tira um tijolo das denominações para encaixa-lo na sua nova organização que ele se nega a dar um nome somente para ser chamado de “crente adenominacional”, e pior, ostentando orgulho perante os demais crentes por possuir este “título” - eis a hipocrisia manifesta no "anti-religioso".
O problema é quando nós na qualidade de seres humanos não suportamos conviver em grupo, cobramos o amor e a tolerância mas muitas vezes não exercemos o amor e a tolerância que cobramos dos outros.
Olhamos para a esquerda, olhamos para a direita e enxergamos em todo e qualquer lugar somente pessoas “legalistas”, “exclusivistas”, “falsos”, “fariseus”, “fingidos”, “hipócritas”, “religiosos”, “sem luz”, “interesseiros”, “fofoqueiros”, dentre tantos outros.
Assim passamos de forma velada e inconsciente acharmos que somos o “ultimo dos moicanos”, “o remanescente fiel”, “a ultima bolacha do pacote”, “a ultima coca-cola do deserto”, “o experiente”, "o cabeça aberta", "o visionário" e acabamos sucumbindo à soberba, à intolerância, ao orgulho e ao desafeto que tanto condenamos - eis mais uma hipocrisia manifesta no "anti-religioso".
Deste modo o mal estar em nós aumenta a cada dia, pois somente consigo enxergar pessoas sinceras e amáveis quando eu me olho no espelho e em virtude disso decido que vou sair do grupo que eu pertenço para "servir a Deus" sozinho, na minha casa tendo carimbado na minha mente o seguinte dito popular "antes só do que mal acompanhado" - ninguém presta, só eu.
E assim muitos abandonam as denominações que frequentam erguendo a sua nova bandeira “adenominacional” e combatendo tudo aquilo que diz respeito às denominações, absolutamente tudo.
É como se “dentro da denominação” Deus não habitasse mais, somente “fora”. É uma nova espécie de exclusivismo religioso, não perde em nada para o que acontece em diversas denominações, sejam elas liberais, legalistas ou exclusivistas.
É claro que eu destaquei o lado negativo deste movimento ao escrever estas linhas, mas sem me esquecer de outros motivos que podem levar muitos cristãos à se intitularem como “crentes adenominacionais” ou simplesmente se desiludirem da “igreja organizada”, motivos estes que pode ser classificado como “justificável” uma vez que neste emaranhado todo muitas razões pelas quais alguém desanima de frequentar alguma denominação pode tomar conta de quem assim procede sem que este se encaixe nos casos descritos nesta postagem.
Deus conhece cada um.